O ano de 2020 é o com mais queimadas no Pantanal desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a monitorar os incêndios no Brasil. Segundo os dados do instituto, já foram contabilizados 20.302 focos de calor detectados neste ano - o maior já registrado para o bioma.
Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em nota técnica emitida em 6 de outubro, cerca de 26,2% do Pantanal já foi devastado apenas em 2020. As queimadas que seguem pelo bioma afetam a biodiversidade considerada como a “savana brasileira”, resultando na perda do ecossistema natural e de animais que compõem o cenário natural do Pantanal.
Para tratar dos animais, ONGs, voluntários e pesquisadores se uniram para pensar em formas de salvar o maior número de vidas possíveis. Uma dessas técnicas é o já reconhecido tratamento com pele de tilápia, uma iniciativa desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e que foi enviada ao Líbano para tratar os queimados da explosão que ocorreu em 4 de agosto deste ano.
Por iniciativa da professora veterinária Behatriz Odebrecht, integrante da Instituição que fez o contato com a ONG Ampara Animal, o projeto do tratamento foi levado para ajudar os animais que estão sofrendo com as queimadas no Pantanal.
A equipe composta por Behatriz, o enfermeiro especialista em anexo e aplicação do curativo Silva Júnior, e Felipe Rocha, biólogo e coordenador da Missão Ajuda Pantanal e pesquisador do Projeto Pele de Tilápia, chegou a Cuiabá no dia 6 de outubro. Em entrevista à CNN, Silva Júnior contou que a veterinária fez o primeiro contato para ajudar os “pacientes silvestres”, já que ela acompanha o estudo dessa técnica em cavalos e viu excelentes resultados do tratamento, tanto em outros animais como cachorros e gatos.
Segundo Silva, após a chegada às 14h30 na capital do Mato Grosso, o plano era apenas conhecer o Hospital Universitário Federal do Mato Grosso (UFMT) para então começar os trabalhos no dia seguinte. Mas, chegando lá, foram apresentados a um animal que estava com as patas queimadas e, mesmo após o tratamento com pomada por 15 dias, os resultados apresentados não foram positivos. Eles então priorizaram o animal e começaram a usar a técnica em um dos pacientes no mesmo dia da chegada.
“Foi aí que começamos o tratamento”, disse Silva. “Em seguida, fomos apresentados para outros animais que não tinham respondido bem ao tratamento com pomada. Fomos aplicando em anta, em tamanduá, em cobra sucuri e outros animais.”
O objetivo da viagem também foi realizar a capacitação dos profissionais da UFMT que seguem tratando os animais feridos pelas queimadas no Pantanal e, assim, seguir com a técnica da pele de tilápia.
“Começamos com a breve apresentação e explicação de como funciona, como faz a aplicação, quantos dias precisa ser aberto o curativo, se precisa não repor, como precisa repor, o que fazer em todo o processo dos paciente”, explicou Silva, “então nosso objetivo maior era levar esses 130 curativos e ensinar como se faz os curativos para que as equipes possam dar continuidade a esse tratamento.”
Outros animais foram tratados
Um dos casos que mais respondeu ao tratamento, segundo o enfermeiro Silva Júnior, foi uma anta. “A anta não tinha interesse em se alimentar, não queria ficar na água, não tinha interesse em nenhuma atividade”, contou. “Após o curativo com a pele de tilápia, encontraram ela mais disposta e dentro da água, o que nos levou a crer que aquela paciente já teve uma diminuição da dor - porque as queimaduras são lesões que causam muita dor - e um dos objetivos com o curativo é exatamente isso, diminuir a dor.”
reprodução/instagram/institutodotamandua
Tratamento com pele de tilápia é usado em animais feridos no Pantanal
Foto: Reprodução/Instagram/Instituto do Tamanduá
A terapia também ajudou um dos animais mais conhecidos como símbolos nacionais: o tamanduá bandeira. “O tamanduá brasileiro apresentava queimaduras graves nas quatro patas e após a nossa avaliação, aplicamos a pele de tilápia.”
“No dia seguinte, aplicamos em uma cobra sucuri na qual tivemos resultados excelentes”, conta Silva, satisfeito. “Nos primeiros animais que aplicamos também foi excelente.”
Com a aula e explicação dos profissionais da Universidade Federal do Ceará, a expectativa é que o tratamento continue e possa ajudar na reabilitação dos animais afetados pelas queimadas na região.
Além do tratamento no Mato Grosso, o processo também se estendeu para dar suporte e curativos aos animais do outro estado que compõe o bioma do Pantanal, o Mato Grosso do Sul.
Um tamanduá bandeira ferido pelos incêndios na região do Passo do Lontra, no estado, também recebeu o tratamento, aplicado pelos profissionais do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande. Segundo o órgão, o animal, que possui lesões nas quatro patas, está sendo tratado com membranas biológicas, uma técnica que utiliza couro de tilápia e placenta de cavalos para reconstituição da pele do animal.
O tamanduá foi resgatado na região de Corumbá e chegou no CRAS na última sexta-feira (9).
De acordo com os profissionais que atuam na recuperação do animal, seu estado de saúde é grave, com queimaduras intensas nas quatro patas e um ferimento no focinho. As biomembranas foram aplicadas em suas quatro patas.
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