“Se ele queria matar Mikael, que não queimasse, que não maltratasse, que não torturasse, deixasse eu me despedir do meu filho porque o caixão dele teve que ser lacrado”, diz a mãe de Mikael Douglas Sobrinho, de 24 anos.
Ele foi morto carbonizado em outubro de 2022.
De acordo com o site Campo Grande News, nesta terça-feira (23), ela assistiu o acusado de matar o filho, Victor Hugo de Matos Rech, também com 24 anos, ser condenado a dez anos de prisão. “No plenário eu não podia gritar, se não eu gritaria. Porque quando ele morreu eu gritei muito”. Ela não quis ser identificada, mas relatou como a morte brutal do Mikael destruiu a família.
O crime aconteceu em outubro de 2022 e a vítima foi encontrada na Rua Marques de Herval, Bairro Nova Lima, em Campo Grande, com as mãos algemadas para trás, sem roupas e com uma marca de tiro no ombro.
A vendedora de 40 anos, comenta que gostaria que Victor a tivesse queimado no lugar do filho.
”Matasse eu, queimasse eu, mas deixasse ele para criar os filhos. Se eu morrer hoje eu não ligo. Você hoje tem um filho, carrega por 9 meses, cuida com carinho para outro vir e matar ele. Eu acho que nem um animal deveria morrer desta forma”.
Mikael deixou quatro filhos, com 6, 5, 3 e 2 anos. Os meninos de 5 e 2 anos foram levados pelo conselho tutelar quando ele ainda estava vivo. A avó comenta que foi por causa do uso de drogas por parte da mãe das crianças. A família entrou na justiça para reaver a guarda delas, mas descobriu, há cerca de um ano, que as elas já foram entregues a outra família.
Histórico - O rapaz tinha diversas passagens criminais, a maior parte por violência doméstica. Em julho de 2016, ele chegou a ser internado na Unei (Unidade Educacional de Internação). Na época, ele e outro jovem, da mesma idade, 18 anos, usaram um pedaço de vidro de uma luminária quebrada do alojamento, para agredir um rapaz. Ele respondeu por lesão corporal.
Durante o julgamento, o réu, Victor, chegou a alegar que matou Mikael por vingança. Em depoimento, ele afirmou que a vítima havia estuprado uma menina de 3 anos em 2015 e a criança seria filha de um colega.
A mãe de Mikael diz não defender o filho e acha que o crime do qual foi acusado, não estava confirmado. “Não estou aqui para defender ele, se ele errou ele tinha que pagar, tinha que apodrecer na cadeia, ele foi acusado de ato libidinoso e não dá fato que estão falando, ele ficou recolhido por seis meses, mas não tinham prova concreta, não tinham feito nenhum exame, pegaram ele uma semana depois”.
Ela conta ainda que havia uma armação para que Mikael fosse preso. “Um dos meninos que armou para o meu filho chegou a vir até mim e pedir perdão, ele disse: nós armamos para o seu filho".