Jaqueline de Almeida Araújo, 28 anos, acusada de atrair rapaz de 23 anos para uma tentativa de homicídio, foi condenada a 8 anos de prisão em regime fechado.
Segundo o site Campo Grande News, o crime aconteceu no dia 10 de abril de 2019. Na ocasião, a vítima foi trancada dentro de um quarto pelo marido da mulher e ex-pastor José Ronaldo Amorim Lopo, que ateou fogo no localizado na Rua José Barbosa Rodrigues, Residencial Búzios, em Campo Grande.
O julgamento aconteceu nesta quinta-feira (29). Jaqueline foi acusada de envolvimento na tentativa de homicídio. De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), no dia do crime, a mulher foi quem atraiu a vítima, com quem já havia mantido um relacionamento extraconjugal.
Conforme a investigação, ao descobrir a traição, o marido de Jaqueline planejou matar o rapaz. José Ronaldo, com autorização da mulher, usou o perfil de rede social dela e convidou a vítima para um encontro na residência do casal.
Quando o rapaz chegou, José se escondeu no quarto dos filhos com uma faca em mãos. Jaqueline convidou a vítima para entrar na casa dizendo que queria conversar. Ela então trancou a porta e escondeu a chave dentro de seu guarda-roupas.
Em seguida, ela pediu para que ele fosse até o quarto, tirasse parte da roupa, deitasse na cama e a esperasse até que Jaqueline fizesse o filho dormir. O rapaz fez e, então, José foi até o local assim que a mulher saiu. Deu uma facada, jogou um liquido inflamável e em seguida ateou fogo na vítima.
O rapaz tentou fugir, mas foi contido pelo homem que ainda estava com a faca nas mãos. Logo depois, o casal foi embora com os filhos e a vítima ficou dentro da casa. Ele foi socorrido por vizinhos e levado para atendimento médico por equipe do Corpo de Bombeiros.
A casa ficou completamente destruída e o rapaz teve 72% do corpo queimado, sendo internado em estado grave na Santa Casa. Jaqueline e José foram denunciados pelo homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de fogo e emboscada.
Dois dias depois, José se apresentou na Delegacia de Ribas do Rio Pardo. Em depoimento, ele disse que saiu de casa por volta das 19h porque ficou sabendo da traição e ficou sentado perto de um córrego “pensando na vida”. No entanto, 1h da manhã ouviu gritos e quando foi ver o que estava acontecendo, viu a residência pegando fogo e um de seus filhos chorando.
À polícia o homem ainda afirmou que a responsável pelo incêndio era Jaqueline, que também foi a autora da facada na vítima. No relato, ele alegou que saiu do local para levar o filho ao médico, mas no caminho uma mulher parou o carro e ofereceu ajuda.
Já a mulher, que também se apresentou naquele dia, afirmou que havia trabalhado com a vítima e, em certo dia, os dois foram para a casa do rapaz e ele passou a mão em suas pernas. Jaqueline contou que não gostou da atitude naquele momento, pois não tinha nenhuma intenção de se relacionar com ele e disse que iria embora.
Ela disse que foi ameaçada pelo rapaz e foi forçada a manter relações sexuais com ele. Depois, ela foi embora e, por medo, não procurou a polícia, mas alguns dias depois contou tudo para o marido que ficou com ciúmes. No dia do crime, o casal discutiu e José Ronaldo saiu de casa.
Jaqueline mandou mensagem para o rapaz dizendo que acreditava estar grávida, mas que isso era mentira para que ele fosse até ela. Depois, ela confessou ser autora do crime.
Em 2021, o juiz David de Oliveira Gomes Filho impronunciou José que estava preso preventivamente pelo crime, mas determinou que ele se apresentasse mensalmente em juízo para comprovar residência fixa e atividade profissional. No entanto, tornou Jaqueline ré pela tentativa de homicídio qualificado.
Nesta quinta-feira, a mulher passou por julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri. Na ocasião, a defesa sustentou as teses de negativa de autoria, absolvição diante de coação moral irresistível por conta das ameaçadas feitas pelo parceiro para praticar o crime e o afastamento das qualificadoras. O Conselho de Sentença afastou o uso de fogo na tentativa e condenou Jaqueline.
O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida então sentenciou a mulher a oito anos e oito meses de prisão em regime fechado por tentativa de homicídio qualificado.