"Vaidosa, sempre alegre, amava tirar fotos", é assim que Ana Lúcia Oliveira Machado, descreve a filha Letícia Machado Gonçalves, de 19 anos, morta em decorrência de um acidente de trânsito na 14 de Julho, no domingo passado (25).
De acordo com o TopMídiaNews, Ana Lúcia tentou descrever um pouco a filha e relembrar momentos dela junto à família. A tarefa, no entanto, se demonstrou difícil, com tantas qualidades e momentos alegres que passaram.
Uma característica, porém, se destaca: Letícia era feliz, sempre alegre e contagiava todos a volta. "Ela estava sempre com um sorriso no rosto", conta a mãe.
Aos risos, Ana Lúcia relembrou momentos engraçados e histórias da família junto da filha. As lembranças acabam gerando um misto de emoções e sentimentos.
São risos, choros, saudades, luto, tudo ao mesmo tempo. No fim, porém, o principal sentimento é sempre de gratidão por terem tido a chance de viverem tudo junto à Letícia, conta Ana Lúcia.
"Ela era muito amada e sempre preocupada com os outros. Era agarrada com a irmã. Sempre preocupada comigo. Estava sempre fazendo alguém rir. Agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de tê-la como filha por 19 anos".
Esta felicidade toda pode ser vista nas fotos, afirma Ana Lúcia. Apaixonada por fotografia, era Letícia que sempre tirava foto de tudo e de todos, registrando os momentos em família. "Em nenhuma foto ela aparece triste, desanimada", reafirma.
Letícia, inclusive, foi o amparo de Ana Lúcia, em um dos momentos que mais precisou, conta. "Faço tratamento para depressão, ansiedade e a Letícia que me cuidava, me dava força, me chamava para caminhar, ali do meu lado".
Além do cuidado com os outros, ela também cuidava de si. Letícia estava sempre se arrumando e era bastante vaidosa, conta a mãe. "Ela pintava as unhas, se maquiava, ia ao salão, inclusive me maquiava também", diz Ana Lúcia.
Segundo ela, são nesses momentos felizes e características que todos estão se agarrando, como uma forma de lidar com a dor da perda. "Em cada foto, em cada canto, em cada objeto está uma lembrança e mostra quão especial ela foi, e isso nos ampara", conclui a mãe.
Acidente
Leticia estava em uma moto Biz, quando foi atingida por uma BMW preta no cruzamento da Rua 14 de Julho com a Rua Marechal Rondon, no início da noite deste domingo (25).
Segundo o boletim de ocorrência, Lucca Mandetta seguia em um carro BMW pela Rua Marechal Rondon, no sentido oeste-leste, e Letícia trafegava em um veículo Honda Biz pela Rua 14 de Julho, no sentido sul-norte, quando no cruzamento das vias ocorreu a colisão entre a frontal da BMW e a lateral esquerda da Honda Biz.
No local existe sinalização horizontal adequada e vertical (semáforo), que funcionava com normalidade.Lucca ficou no local do acidente e aceitou fazer o teste de alcoolemia, mas depois foi orientado por um advogado a recusar. A Polícia Militar informou que não havia sinais de que ele estivesse bêbado, apesar da decisão.
O motorista acompanhou o socorro do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas Letícia não resistiu. Lucca foi encaminhado para a delegacia plantonista para esclarecimentos.
Testemunha diz que Lucca furou o sinal vermelho
Homem de 40 anos, considerado testemunha ocular do acidente, confirmou para a polícia que Lucca Mandetta furou o sinal vermelho do cruzamento e atingiu Letícia. Ele prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (28) na sede da delegacia.
Em seu depoimento, a testemunha explicou que seu primeiro contato com o veículo de luxo foi propriamente na rua Marechal Rondon, mas no cruzamento anterior - com a Avenida Calógeras. Ambos pararam no sinaleiro e saíram ao mesmo tempo, mas ele parou no semáforo com a rua 14 de Julho e percebeu que Lucca seguiu viagem.
Para a polícia, ele conta que chegou a questionar a si mesmo sobre o condutor não ter visto o sinal vermelho, quando ouviu uma buzina e presenciou o veículo de luxo atingindo a motocicleta. A testemunha desceu do seu veículo e foi prestar os primeiros atendimentos à vítima, e, ao se aproximar, percebeu que Letícia estava imóvel e sem batimentos.
Lucca, naquele instante, também desceu do veículo e voltou para a cena do acidente. Foi quando a testemunha perguntou para ele se não tinha visto o sinal fechado, recebendo supostamente a resposta: "não vi". O rapaz ficou nervoso e se ajoelhou, passando a rezar pela vida da motociclista e pontuou: "Espero que ela esteja bem".