A conta pessoal do sobrinho do presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Aparecido Alves Pereira, recebeu R$ 450 mil de clubes de futebol estadual entre 2019 e 2023.
Segundo o Campo Grande News, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), aponta que o desvio de R$ 6 milhões na entidade, a movimentação foi “sem qualquer justificativa”.
Os nomes dos clubes e valores não constam no documento.
Conforme apurado pela reportagem, o dinheiro repassado pelos clubes podem ter relação com o fato de ele ser delegado de partidas, inserção de contratos no sistema da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ou taxa de transferência de jogador.
Na decisão que autorizou a operação “Cartão Vermelho”, realizada na última terça-feira (dia 21), o juiz da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, Eduardo Eugênio Siravegna Junior, aponta que o Gaeco, braço do MPMS (Ministério Público), destacou que o presidente Francisco Cezário de Oliveira movimentava maior parte do dinheiro desviado da Federação de Mato Grosso do Sul nas contas de Aparecido, Umberto Alves Pereira e Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira.
“As investigações ainda demonstraram que, entre os anos de 2020-2023, Aparecido Alves Pereira realizou saques bancários, bem como e recebeu transferências injustificadas da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, que totalizaram R$ 411.420,00”.
Noutra ocasião, em uma conversa registrada durante as investigações, Aparecido orienta um funcionário de hotel, em Chapadão do Sul, a emitir duas diárias de hotel para 25 integrantes, totalizando R$ 6 mil. No entanto, ele explica ao funcionário que nem todos os times utilizariam as duas diárias pagas e que o valor não utilizado seria dividido entre os envolvidos em uma espécie de "bem bolado".
Com informações sobre o esquema, a equipe de investigação do Gaeco se deslocou até a cidade de Chapadão do Sul na data da hospedagem e confirmou que a delegação do Esporte Clube Comercial utilizou apenas de uma diária de hotel. As contas bancárias da federação usadas para pagar esses serviços, eram as mesmas que recebiam as verbas do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, demonstrando a utilização de dinheiro público nas transações ilícitas.
A prática de contratar hospedagens a mais foi observada em outros municípios, durante o decorrer de competições promovidas pela FFMS. Com o modus operandi, os valores que não eram efetivamente utilizados eram desviados e possivelmente repassados aos integrantes da organização criminosa.
A redação não conseguiu contato com a defesa de Aparecido Pereira.
Sigilo bancário e fiscal – Antes de deflagrar a “Cartão Vermelho”, o Gaeco obteve autorização judicial para quebrar os sigilos telefônico, bancário e fiscal dos investigados. Nessa nova etapa, a investida pode acessar celulares apreendidos e dados armazenador em provedores e nuvem. Além da apreensão de notebooks, tablets, pen drives e arquivos eletrônicos.
Ao autorizar as prisões, magistrado destacou que a medida extrema foi para assegurar a instrução processual.
“A medida extrema vindicada pelo Parquet também se mostra conveniente à instrução processual, uma vez que parte dos investigados possui vínculo com a Federação de Futebol, sendo um deles o seu presidente, de modo que, uma vez soltos, poderão ocultar provas, influenciar testemunhas, bem como praticar outros atos tendentes a dissipar evidências que corroborem os elementos de prova colhidos até o momento e indicam a existência de uma verdadeira organização criminosa instalada dentro da entidade que há anos saqueiam seus recursos, muitos deles provenientes de verbas públicas”.
A lista de presos tem Aparecido Alves Pereira, Francisco Cezário de Oliveira, Francisco Carlos Pereira, Marcelo Mitsuo Elzoe Pereira, Umberto Alves Pereira, Valdir Alves Pereira e Rudson Bogarim Barbosa.
A entidade recebe dinheiro do governo do Estado e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A Setesc (Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Cultura) repassa à federação verba para custear despesas de arbitragem, alimentação, material esportivo e hospedagem. A secretaria nunca identificou irregularidades na prestação de contas. - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS