Após o caso do “maníaco da internet”, do garçom João Carlos Ribeiro, 34 anos, acusado estuprar cinco mulheres que conheceu pelas redes sociais, a delegada Rosely Molina, da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher), alertou os internautas sobre as informações cadastradas na rede. O excesso de confiança nos “amigos virtuais” também deve ser analisado.
Não foi difícil para o maníaco conseguir as informações das vítimas, apontou a delegada. Muitas vezes a vítima acaba confiando no amigo conhecido na internet e relata dados, como nome completo, endereço e até quem são os seus parentes.
João não revelava a sua verdadeira identidade nas redes sociais, se passando por mulheres, para assim ganhar a confiança das vítimas e conseguir os seus dados, então quando as abordava, elas não desconfiavam que o autor era a mesma pessoa que conheceu na internet.
A especialista em redes sociais, Val Reis, explicou que as redes sociais retiram a privacidade do usuário, assim que ele se cadastra, já que fotos, locais e comentários do dia-a-dia são postados em sua linha do tempo, ficando registrados. Porém cuidados podem ser tomados para evitar o extravio de informações pessoais.
“Primeiro é não compartilhar informações suas com pessoas que você nem conhece, por mais que elas pareçam inofensivas. Nunca se sabe quem está do outro lado da tela”, alertou a especialista.
A delegada Molina apontou que é importante não passar informações de documentos pessoais também, como CPF e RG. “Estas informações podem gerar outros crimes”, como fraude, alertou.
O Facebook tem percebido este “vazamento” de informações e buscado tomar alguns cuidados. Na página da rede social (facebook.com/about/basics) é explicado como proteger a conta de possíveis fraudes, entre outras dicas.
“A questão da segurança do Facebook, por exemplo, muita gente deixa tudo público e tem fotos, informações que você não deve deixar público. Compartilhar somente com quem é mais próximo e confiável. Aprender sobre a privacidade do Facebook é importante”, pontuou Val Reis.
Caso – João utilizava as redes sociais para encontrar as mulheres. Todas as informações eram anotadas em uma folha, que foi apreendida na casa de João, no Jardim Morenão, no dia 2 de outubro deste ano.
O primeiro caso ocorreu no Jardim Aero Rancho. A delegada Franciele Candotti, da Deam, contou que o autor invadiu a casa da vítima de 24 anos, amarrou-a e a colocou em cima da cama deitada de bruços. Ele praticou o estupro e depois andou pela casa em busca de objetos para roubar. O homem ainda praticou sexo com a mulher por pelo menos três vezes.
Depois o estuprador levou a mulher para dentro do banheiro, onde retirou as cordas e mandou não contar sobre o caso para ninguém, pois ele sabia onde ela morava. Em todos os casos o garçom usava roupas pretas, touca e uma mochila, onde carregava preservativos e a corda.
Os outros casos ocorreram nos dias 21 de agosto, no Bairro Guanandi, 18 de setembro, no Jardim Montevideu, e 29 de setembro, no Santa Luzia, sempre repetindo o “modus operandi”. A delegada destacou que João retirava a touca antes de sair da casa. Este detalhe, entre outras características, ajudou na sua identificação do autor.
No dia 16 de setembro, conforme a delegada Marília Brito Martins, o autor invadiu uma casa no Bairro Parati, porém a vítima conseguiu escapar, antes que ele a estuprasse.
João Carlos está preso e vai responder pelo estupro das cinco mulheres. Caso condenado, a pena dele pode chegar até 10 anos de prisão para cada caso.