O corpo do ex-senador e ex-prefeito de Campo Grande por duas vezes Lúdio Martins Coelho, 88 anos, foi sepultado no cemitério do Parque das Primaveras às 11h desta quarta-feira. Junto ao caixão, familiares colocaram uma bandeira com a imagem de Nossa Senhora e o chapéu que Lúdio sempre usava.
Durante o sepultamento, marcado por muita emoção, os familiares e amigos jogaram pétalas de flores e cantaram a canção “Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus, pois ela te sustentará”, entoada por dois violinistas.
Dois ex-funcionários do Banco Financial, que pertencia à família Coelho, também prestaram homenagens no local, agradecendo tudo que Lúdio fez pelo Estado e a maneira carinhosa como sempre tratou os funcionários.
Homenagens - Desde o início da noite de ontem até às 10h de hoje, amigos e familiares foram até a Câmara Municipal para prestar as últimas homenagens a Lúdio Coelho, que morreu às 14h40 desta terça-feira (22), em Campo Grande.
O velório do ex-senador foi marcado pela admiração e o carinho de parentes e políticos, mas também de pessoas que há muitos anos não conviviam com Lúdio e mesmo assim continuavam considerando o ex-prefeito como um “bom amigo”.
Em passagem pelo velório, o governador André Puccinelli (PMDB) afirmou que Lúdio "deixa um legado de coerência e honestidade". André também destacou a importância do ex-prefeito de Campo Grande para a política de Mato Grosso do Sul.
“A menina dos olhos dele eram os projetos de assentamentos sociais urbanos. Ele criou no Dom Antônio Barbosa e o José Pereira”, citou.
O governo do Estado e a Prefeitura Municipal decretaram luto oficial por três dias após o falecimento do ex-prefeito.
Trajetória – Lúdio Martins Coelho morreu na terça-feira (22), por volta das 14h30, em Campo Grande, de falência múltipla dos órgãos. Há 4 dias, Lúdio estava internado no Proncor por agravamento do quadro de diabetes e problemas cardíacos.
Fortemente ligado à pecuária do Estado, Lúdio era produtor rural e também considerado um dos nomes mais fortes na política estadual.
Foi prefeito de Campo Grande em duas oportunidades (1983-1985 e 1989-1992), senador da República com 29,44% dos votos válidos (1995-2003) e vice-líder do PSDB no Senado. Presidiu o PSDB em Mato Grosso do Sul e participou de inúmeras comissões.
Era conhecido também por declarações e atitudes quase folclóricas, como o mini zoológico que manteve por anos em sua casa na rua Bahia, até os bichos serem apreendidos pelo Ibama na década de 1990.
A vida de Lúdio ainda foi marcada por um crime que, no ano de 1976, virou notícia em todo o País, o sequestro e assassinato do filho dele, Lúdio Martins Coelho, o Ludinho, aos 21 anos, em 1976.
Perda - Após a notícia da morte do ex-senador, diversas autoridades se manifestaram para lamentar a perda do político e prestar suas últimas homenagens.
Durante sessão ordinária ontem, o presidente do Senado Federal, senador José Sarney (PMDB-AP) lembrou, com muita emoção, da trajetória de Lúdio no Congresso Nacional. Sarney declarou que Lúdio era um apaixonado por Mato Grosso do Sul e disse que o Brasil perdeu “um grande político e um grande brasileiro”.
O arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, recordou o empenho do então prefeito da Capital para a vinda do Papa João Paulo II, em 1991.
“A morte de Lúdio Coelho é uma perda para Campo Grande nos campos político e social”, observou Pavanello, ressaltando que o ex-senador sempre atendeu com eficiência as reivindicações da igreja na Capital.
Ainda conforme o arcebisbo, Coelho pressionou o Exército para a liberação da área onde foi celebrada a missa histórica por João Paulo II.
Dom Vitório foi até o velório de Lúdio, nesta manhã, para rezar junto com os amigos e familiares.
O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel, também destacou a importância de Lúdio.
“Um dos valores da nossa categoria é a tradição e o seu Lúdio significou e significa uma referência para todo sul-mato-grossense e toda a classe produtora”, disse