A trajetória do Padre Alessandro Campos mostrou que ele pode sonhar alto. Da vida humilde no interior de São Paulo, virou estrela do sertanejo católico no Brasil, vendendo 350 mil cópias do disco “O que é que eu sou sem Jesus?” em apenas 20 dias. Mas não basta: o objetivo do religioso para o futuro é construir um mega templo em formato de chapéu de vaqueiro.
— Esse é um sonho que está no meu coração e no de Deus. Quero fazer um templo para reunir todo sertanejo do Brasil — conta Padre Alessandro, que nem imagina quando vai conseguir fazer.
A ideia é realizar a construção em Brasília. Uma das abas do chapéu seria uma escadaria. Outras duas, arquibancadas. Na de trás, um palco para shows. No centro, a igreja mesmo. A ideia do padre é conseguir o apoio de artistas do gênero para financiar o projeto.
— Não existe sertanejo que não seja devoto de Nossa Senhora Aparecida — diz Alessandro.
A construção seria o ponto mais distante de uma caminhada cheia de dificuldades. O paulistano de Guaratinguetá foi criado pela avó, uma senhorinha humilde e analfabeta que hoje está 92 anos. Resolveu que ia ser padre com 7 anos e, aos 13, já estava no seminário. Por isso, foi um dos mais jovens a ser ordenados no país, com 23 anos. Mudou-se para Brasília e assumiu a capela do Colégio Militar de lá.
— Na primeira missa que fiz lá, tinham dois alunos, o general e a esposa. Em um mês, mil pessoas já estavam frequentando — lembra.
O sucesso veio do boca a boca a respeito de um padre sertanejo. No meio do sermão, Alessandro soltava o vozeirão de clássicos do gênero para inspirar os fiéis (e a ele mesmo).
— Às vezes eu não tinha o que falar e cantava. Como essas músicas têm conteúdo, falam de Jesus, de paz, da família, daí nascia uma reflexão — explica o religioso.
A coisa foi crescendo e ele foi se profissionalizando na música. Hoje, não tem mais paróquia e realiza missas pelo Brasil inteiro. Onde vai fazer show, reza uma celebração também. A fama rendeu um título: o Padre Sertanejo do Brasil, que Alessandro Campos ama.
— Tudo isso começou quando eu era criança e fui num show do Zezé de Camargo e Luciano. Eu vi eles cantarem pra uma multidão e imaginei todo mundo cantando assim para Cristo. Fiquei pensando. Quando for padre, quero ser assim.
E foi.