Com o objetivo de organizar o serviço e descrever o itinerário das pessoas com sobrepeso e obesidade na Rede de Atenção à Saúde de Mato Grosso do Sul, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) lançou a LCSO (Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade) de Mato Grosso do Sul.
Para a secretária-adjunta estadual de Saúde, Crhistinne Maymone, a aprovação da Linha de Cuidado para Sobrepeso e Obesidade marca um importante avanço na saúde pública do Estado. “É um trabalho construído por muitas mãos. Um marco muito importante para o Estado de Mato Grosso do Sul, principalmente, para a Secretaria de Estado de Saúde”.
Conforme o gerente de Atenção à Saúde das Pessoas com Sobrepeso e Obesidade da Coordenadoria das Doenças Crônicas da SES, Anderson Holsbach, a LCSO visa definir e estruturar um fluxo assistencial do excesso de peso dentro do SUS (Sistema Único de Saúde).
“A Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade é um documento escrito pela SES e parceiros que descreve o itinerário da pessoa com obesidade dentro da APS (Atenção Primária à Saúde) até a Atenção Hospitalar. Ela não é uma proposta de serviço nova, mas sim, uma proposta de organização do serviço para atender as pessoas de forma mais eficiente”, explicou.
O cuidado da obesidade inclui a atenção com a alimentação, mas também outros fatores determinantes, como os ambientes. Por isso, é indispensável um olhar sensível e colaborativo entre as diferentes áreas, indo além do setor saúde.
Segundo a superintendente de Atenção à Saúde da SES, Angélica Cristina Segatto Congro, a Linha de Cuidado permite enxergar os serviços como um todo. “O objetivo é ter um documento instrutivo para organizar o cuidado ao paciente com sobrepeso e obesidade. Todos os municípios do Estado devem utilizar esse instrumento para organizar o cuidado dos seus pacientes”, afirma ela.
De acordo com o Ministério da Saúde, a LCSO caracteriza-se por padronizações técnicas que explicitam informações relativas à organização da oferta de ações de saúde no sistema. Além disso, o documento deve descrever o itinerário do paciente com sobrepeso e obesidade, contemplando informações relativas às ações e atividades de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, a serem desenvolvidas por equipe multidisciplinar em cada serviço de saúde, a fim de viabilizar a comunicação entre as equipes, serviços e usuários de uma Rede de Atenção à Saúde, com foco na padronização de ações, organizando um fluxo contínuo assistencial.
Construção da LCSO
A SES, por meio da Coordenadoria das Doenças Crônicas, em parceria com o OCCA (Observatório de Condições Crônicas e Alimentação) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), promoveu o ciclo de oficinas “Prevenção e Cuidado do Sobrepeso e Obesidade: como eu faço?”. As oficinas fizeram parte do processo de construção da LCSO (Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade) de Mato Grosso do Sul.
Para as oficinas, os participantes dos 79 municípios do Estado foram divididos em quatro turmas, de acordo com as microrregiões de saúde, com encontros mensais realizados em Campo Grande. Cada município teve que indicar pelo menos dois profissionais de nível superior.
Um dos profissionais indicados será a referência municipal da LCSO da SES, enquanto o outro estará diretamente envolvido na assistência às pessoas com sobrepeso e obesidade, no planejamento e execução de ações de promoção da saúde e prevenção, na gestão do cuidado e em programas estratégicos afins, com o objetivo de ser um multiplicador no seu município.
“O documento foi construído de forma intersetorial e multiprofissional, com o envolvimento das esferas municipal, estadual, federal e da sociedade civil”, completou Anderson.
Durante o processo de construção da linha, as temáticas debatidas foram divididas em quatro:
Obesidade e sua multicausalidade, consequências biopsicossociais e epidemiologia da obesidade;
Diagnóstico da obesidade nas RAS (Rede de Atenção à Saúde), estigma do peso, gordofobia e cuidado;
Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade (LCSO): territorialização, mapeamento dos serviços, estratificação, cuidado, etc.;
Medidas preventivas da obesidade efetivas em âmbito individual e coletivo na RAS.
Sobrepeso e Obesidade
A obesidade é reconhecida como um problema de saúde pública no Brasil, com prevalência crescente em todas as faixas etárias. De acordo com dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), mais de 70% da população sul-mato-grossense está com algum grau de excesso de peso. Segundo o Vigitel 2023, o Estado de Mato Grosso do Sul possui uma taxa de 24,3% de adultos com obesidade, sendo o sexto estado no ranking nacional de custo atribuível ao excesso de peso e obesidade no Brasil e o primeiro em mortes atribuíveis ao excesso de peso. Já nos primeiros meses de 2024, considerando os dados do Sisvan, a prevalência de obesidade entre adultos atingiu recentemente a marca de 35,75%.
Holsbach destaca que também é necessário investir em ações de promoção da alimentação adequada e saudável, incentivo às práticas corporais e atividades físicas, e incentivo a medidas regulatórias de promoção de ambientes saudáveis e restrição ao acesso de alimentos processados e ultraprocessados.