O Pantanal foi o bioma que mais secou proporcionalmente em 2023, com uma redução de 61% em relação à média histórica calculada desde 1985, segundo um estudo da MapBiomas – rede multi-institucional formada pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, universidades, instituições e empresas de tecnologia.
Essa diminuição drástica na superfície hídrica do Pantanal, e o aumento das queimadas nos últimos anos, chamam a atenção de institutos de pesquisas e poder público sobre a importância de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e neutralizar as emissões de gases efeito estufa. Ao encontro dessa necessidade, o Sebrae/MS e o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), traçaram o perfil de 12 municípios localizados na região pantaneira para a implementação de ações com esse propósito.
Segundo o secretário executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Athur Falcette, o intuito é apoiar as cidades sul-mato-grossenses na implementação de uma agenda local em relação às mudanças climáticas, levando em consideração a meta Estado Carbono Neutro – 2030.
“Um dos grandes desafios dessa agenda climática é aproximá-la dos municípios, entendendo as principais necessidades, para auxiliá-los no avanço da descarbonização de suas economias e na agenda de adaptação. Com esse trabalho junto com o Sebrae, estamos conhecendo a fundo a atuação das cidades em relação ao meio ambiente, tanto na parte de estrutura quanto na área de políticas públicas relacionadas ao tema, e esse é o passo inicial para garantir que os municípios possam transpor os desafios ambientais que enfrentam e contribuir para o atingimento da meta estadual”, pontuou Falcette.
O trabalho é executado por meio da “Roadmap Território Carbono Neutro” – ferramenta que faz um diagnóstico dos municípios em relação a seis eixos estratégicos e, a partir disso, elabora um plano de ação personalizado de acordo com as principais demandas de cada um. Além das 12 cidades pantaneiras, outras quatro aderiram a iniciativa recentemente, e há 26 novas vagas abertas para administrações municipais interessadas.
A diretora-técnica do Sebrae/MS, Sandra Amarilha, ressalta a importância do trabalho para incluir os municípios no processo de desenvolvimento, considerando o meio ambiente. “Precisamos envolver cada uma das cidades, pois é com o engajamento local que se inicia a transformação em prol de um futuro melhor. Pensar na sustentabilidade é de suma importância, e inserimos as gestões municipais como protagonistas nesse processo ao oferecermos apoio para a construção de ações e políticas públicas que tragam resultados. Traçamos o diagnóstico de municípios da região pantaneira e agora queremos expandir para outras cidades”, destacou Amarilha.
Perfil dos municípios pantaneiros
Foram analisadas as cidades de Anastácio, Aquidauana, Bodoquena, Corguinho, Corumbá, Coxim, Ladário, Miranda, Porto Murtinho, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso e Sonora. Com uma extensão territorial de aproximadamente 139 mil km², ao todo, os municípios possuem cerca de 340 mil habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em sete deles, há aproximadamente 9 mil pessoas que vivem em áreas de risco geo-hidrológico, segundo um mapeamento feito pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento subordinada à Casa Civil da Presidência da República.
Para a execução de iniciativas que irão trazer mais segurança à população, o diagnóstico aponta dois pontos positivos presentes nas cidades: alta gestão territorial e ambiente de negócios. Em comum, os municípios possuem uma governança ativa e, grande parte deles, integra consórcios públicos, o que permite a atuação conjunta em prol da sustentabilidade. Além disso, a pesquisa também expõe uma receptividade por parte dos empreendedores locais em implementar medidas sustentáveis, tanto na operação do negócio quanto no oferecimento de produtos e serviços.
“Os fenômenos naturais e os eventos climáticos extremos acontecem em níveis regionais, por isso é importante ter um instrumento de governança que trabalhe o território para além dos municípios. Já o ambiente de negócios é outro ponto fundamental, pois precisamos engajar os empreendedores no processo, diante do papel que eles desempenham na economia. Estamos vendo isso, após as inundações ocorridas no Rio Grande do Sul. As pessoas querem saber onde compram pão, onde tem farmácia, ou seja, é preciso ter estratégias para que as micro e pequenas empresas sejam mais resilientes as mudanças climáticas de forma que, após um evento climático, você tenha como recuperar o tecido socioeconômico do território na maior brevidade possível”, destacou o consultor do Sebrae/MS, Jeconias Rosendo da Silva Júnior.
Com o diagnóstico, foi desenvolvido um plano de ação para cada cidade e o Sebrae/MS apoia os municípios na definição das iniciativas prioritárias, além de auxiliar as administrações municipais a identificarem instituições que podem ser parceiras na execução. Trata-se de uma metodologia modular, ou seja, a partir do início do trabalho, as necessidades são revistas e ajustadas de acordo com mudanças que podem vir a ocorrer no contexto em que os municípios estão inseridos.
Novas vagas
São 26 novas vagas disponibilizadas para as prefeituras municipais interessadas em aderir ao “Roadmap Território Carbono Neutro”. A inscrição deve ser feita de forma on-line por meio do link: bit.ly/InscriçãoRoadMapCarbonoNeutro2024.
Para que as administrações municipais possam esclarecer dúvidas e conhecer melhor a ferramenta será realizado um Webnar, no dia 9 de julho (terça-feira), às 10h (Horário de MS). Interessados em participar podem obter mais detalhes por meio do e-mail vitor.faria@ms.sebrae.com.br.
Mais informações sobre as ações desenvolvidas pelo Sebrae/MS e parceiros voltadas para a sustentabilidade, podem ser obtidas por meio da Central de Relacionamento, no número 0800 570 0800.